segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Sentir

"Ainda te levarei
Amor
Para comer nozes frescas
Na montanha
E pendurar cerejas nas orelhas
Como se fossem flores
Ou rubis.
As nozes
Meu amor
Mancham os dedos
E são verdes e exatas
Como ovos
Mas as cerejas
Ah! As cerejas
São quando a cerejeira sua
Seu manso sangue.
Ainda te levarei
àquela casa
onde floriam lilases
e serpentes
tão claras
quanto a água
deslizavam ao pé
das macieiras.
Te mostrarei
três lagos no horizonte
três queijos
maturando
numa adega
três lesmas
escondidas
sob um vaso.
Estará tudo lá
à nossa espera
morangueiras
quebradas
lagartixas.
Só não estará meu medo
de menina
aquele mais escuro
que os ciprestes
Ecos no mato
passos sobre a ponte
garras na saia
vento nos cabelos
e o latejar das veias
repetindo
estou sozinha
e ninguém me salva..."

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